Você acredita que somente a adoção da tecnologia e a digitalização dos processos seja o suficiente para que uma empresa seja bem-sucedida em sua jornada de transformação digital? Para aqueles que responderam sim, gostaria de provoca-los a uma breve reflexão: Imagine se as pessoas não tivessem se engajado no uso de aplicativos como Airbnb e Uber? E se elas mantivessem o seu medo de mudança? O Uber, o Airbnb e os outros tantos serviços que foram digitalizados não teriam surfado o tsunami desta transformação digital. Vou um pouco além: O sucesso destas iniciativas está vinculado diretamente ao fato de serem primordialmente orientadas a experiência humana – se as pessoas não compram “a briga”, a mudança simplesmente não acontece. E nada muda no final do dia. Basta lembrar que antes do WhatsApp tivemos outras tentativas de plataformas de mensageria, mas nenhum com tanto sucesso graças ao engajamento de seus usuários – Afinal de contas, ninguém quer deixar de receber aquele meme maroto, ou então ficar de fora do grupo dos amigos, dos familiares e do trabalho não é mesmo?
A verdade que quase ninguém comenta, é que toda e qualquer transformação digital é também um processo de mudança. E mudanças só são efetivas quando o medo é vencido, e todos resolvem encarar de fato o desafio. Tanto nas empresas, quanto na sua casa. O mesmo desafio que talvez você tenha tido lá atrás, em convencer a sua esposa (ou esposo) a comprar pela internet e que ela (ou ele) hoje sequer se lembra mais, pode ser o mesmo que leva aquele departamento ou aquela filial a não se adaptar a uma nova rotina impactada pela transformação digital. Pessoas são pessoas, independente das empresas, do segmento onde atuam, das cadeiras em que elas se sentam ou dos cargos que elas ocupam.
E justamente por serem humanos, que a abordagem pela busca do engajamento e pela desconstrução do medo é tão veemente e necessária. E isso não muda com a tecnologia. Aliás, pode piorar.
O avanço de novas iniciativas de transformação digital exige – logo de partida – o desejo e o engajamento do time de gestão e, principalmente, da alta cúpula. O comprometimento dos humanos que direcionam a visão e a cultura corporativa das empresas são a centelha de todo o processo de transformação. Sem isso, é praticamente impossível impactar a forma como todos trabalham e enxergam a necessidade da mudança.
A disseminação de uma cultura alinhada com o objetivo da mudança pode ser a chave para uma jornada digital de sucesso. Assim, os processos e a comunicação devem ser melhor planejados, construindo uma base sólida e disposta a mudar. Em um mercado cada vez mais ágil e demandante por iniciativas digitais, fica difícil imaginar o sucesso de qualquer ação sem o engajamento humano. Sem pessoas, a tecnologia não é nada, não emplaca. Um já não vive sem o outro. E ponto final.
** Texto por Vinicius Debian, Especialista em inovação e Transformador digital