A compensação social pode ser um sinal dos novos tempos na mineração

Apesar do setor de mineração contribuir significativamente para a economia mundial, a sua reputação continua se deteriorando muito rapidamente em muitos países (principalmente no Brasil, depois dos desastres recentes de Mariana e Brumadinho). A percepção, de maneira geral, é de que as empresas do segmento apenas contribuem para o avanço dos danos ambientais, impactando negativamente toda a comunidade e seu ecossistema em diversos aspectos.

Cada vez mais estas empresas começam a perceber que as abordagens tradicionais precisam ficar no passado – Historicamente, a relação entre as minas e as comunidades giravam em torno apenas da criação de empregos, e da compensação ambiental junto ao governo e órgãos relacionados.

Mas para evitar este desassossego crescente, as mineradoras vão precisar fazer muito mais do que criar um simples mapeamento das partes interessadas como parte de uma nova abordagem. Promover doações filantrópicas, que normalmente terminam quando o local da mina é desativado, também pode não ser a ação mais eficiente.  

A medida que o segmento avança em uma visão mais estratégica na busca por resultados sociais mais mensuráveis e duradouros, esta relação simplesmente se transforma: As empresas de mineração começam a empreender um esforço real no entendimento das necessidades da região, envolvendo e integrando as lideranças locais, governos e demais interessados na busca pela adaptabilidade.

E o caminho para abraçar este desafio, em uma nova perspectiva de atuação, passa pela adoção das dinâmicas de design services. A implementação destas metodologias, em especial a ‘Human-Centered Design’ (em português, Design Centrado no Ser Humano) da IDEO-ORG pode ajudar significativamente as mineradoras a identificarem os impactos socioeconômicos, religiosos e culturais (além dos arranjos fundiários, logísticos e de capacitação de mão de obra) em relação a seus empreendimentos.

A execução destas dinâmicas permitem a análise das principais causas (e possíveis impactos) do ponto de vista da experiência humana – O design services entende que os principais problemas das pessoas são de natureza diversa, e que antes de tudo é necessário entender o contexto, a cultura e as necessidades da comunidade como um todo, para só então encontrar e implementar as melhores  soluções. O processo de co-criação, promovido pela metodologia, pode garantir a implementação de soluções mais alinhadas com a realidade local, e por isso, mais aderentes ao desenvolvimento de um legado social mais fluido e perene.

A construção de uma relação sadia e mais duradoura pode ser mais fácil do que imaginávamos, desde que as empresas do setor se sensibilizem logo com algo que hoje já nos parece óbvio: O ser humano precisa estar no centro de todas as iniciativas, e não o contrario. 

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